Aqui fica uma foto do meu novo local de trabalho =)
Bruno e Joana. 2 lisboetas. 1 casal. Vivíamos em Lisboa (e adorávamos). Mas decidimos lançar-nos ao mundo. O desafio é: viver e trabalhar em Díli, Timor-Leste, por 4 anos. E aqui sermos felizes! Neste blogue deixaremos o relato escrito e fotográfico da nossa aventura: a vida, o trabalho, as viagens, as paisagens, a cultura, a gastronomia, as dificuldades…enfim, tudo para que fiquem com um retrato fiel do nosso dia-a-dia nesta meia-ilha!
domingo, 30 de janeiro de 2011
Fim-de-semana
Almoço de sábado no Esplanada.
Já a ganhar uma corzinha! |
À espera do almoço ao som de Beirut |
Para enfrentar o calor: Bintang em copo maliri (frio) |
Almoço de domingo no Vitória
O guarda da praia |
Água de coco! Só é pena não estar fresca! |
Café expresso curto!!!! Dava para tomar banho lá dentro! |
À pesca |
A caminho do centro de Díli |
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Hotel Timor
A nossa primeira semana em Díli foi passada no Hotel Timor. Embora já haja alguma oferta, este hotel, recuperado pela Fundação Oriente, continua a ser o melhor de Timor-Leste. Com o passar do tempo apercebemo-nos de que este espaço funciona não só como local de dormida como de ponto de encontro e centro social de convívio de grande parte dos malai que passam por Díli. O bar, com café expresso e internet wireless (ambos de fraquíssima qualidade), serve muitas vezes de sala de reuniões. O restaurante, sempre com gastronomia portuguesa e com o tradicional cozido à portuguesa aos domingos, serve quase de cantina. O ar condicionado, sempre gelado, é um refúgio ao calor húmido que se sente na rua.
Os funcionários arranham mal o português mas são muito simpáticos…algumas frases são míticas: o “Sinhori, pode sentari.” das meninas do bar, o “Muito stressi!” dos senhores da limpeza (sim, aqui a maioria dos empregados de limpeza são homens porque consideram este um trabalho muito pesado para as mulheres!), o “Táxi custa $1 mas para malai é $2.” da recepcionista… enfim, foi uma boa estadia e o contacto com estes timorenses só serviu para facilitar a nossa integração e compreensão desta cidade e da sua população.
Uma referência final à banda sonora que sempre acompanhou as nossas refeições: ao pequeno-almoço versões chill-out de grandes hits da música pop-rock, ao almoço fado para aguçar a nostalgia e ao jantar ópera e música clássica! Hilariante!
Só não vamos ter saudades porque sabemos ser inevitável lá voltar para comer ou socializar…aliás, ainda hoje lá voltámos para nos empanturrarmos com uma bela lasanha de carne e cogumelos =)
Tais em exposição |
A secar no bar |
À espera do jantar ao som duma valsa! |
As primeiras compras
O comércio aqui é (muito) tradicional. Mercados e barraquinhas de rua são o mais comum. Algumas vezes nem barraquinha há… basta uma mesa com géneros em cima ou uma cana às costas com cachos de bananas ou abacaxis pendurados nas pontas e assim se faz negócio. Mas também existem algumas lojas e até quatro supermercados, onde nós, os malai (termo usado pelos timorenses para se referirem aos brancos, estrangeiros), nos abastecemos dos produtos a que estamos habituados e em que mais confiamos.
Esses santuários dos bens ocidentais são: o Lita, Líder, Landmark e o portuguesíssimo Páteo! Este foi o primeiro que experimentámos (era o mais próximo do hotel e o que mais curiosidade nos despertava). E não desiludiu…3 corredores de produtos maioritariamente portugueses fizeram com que nos sentíssemos em qualquer mercearia dum bairro alfacinha. Chouriços, salpicões, vinho (a preços chocantes!), conservas, produtos da Nacional e da Guloso…não falta nada! É bom saber que temos os “nossos” sabores aqui tão perto! Aqui fica o registo das nossas primeiras aquisições.
Sumol e bolachas! Nhamm =) |
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Trânsito (1.º round)
Ao contrário do que seria de esperar, o trânsito em Díli é caótico! O número de motos é inacreditável, só superado pelo número de jipes (dos quais 50% são da ONU)!!! O conhecimento das regras de trânsito também escasseia… as primeiras passadeiras só surgiram no final do ano passado e a maioria (condutores e peões) parece ainda não ter percebido a sua função! O perigo só não é maior porque a velocidade média não excede os 30km/h!
Jipe da ONU |
A tentar atravessar a estrada |
Díli
Um cheirinho de Díli: baía de Díli (das montanhas ao Cristo Rei). Prometemos (muito) mais em breve!!!
sábado, 22 de janeiro de 2011
A última etapa da viagem e a chegada a Díli
Depois duma noite muito mal dormida (às 4h da manhã estávamos a ver o Telejornal na RTP Internacional!), levantámo-nos e seguimos para o Terminal 2, onde iriamos apanhar o voo da SilkAir para Díli. Fizemos o check-in cheios de medo do excesso de bagagem mas a hospedeira de terra nem pestanejou, pegou nas malas e enviou-as para dentro sem nos cobrar nada!! Impecável! Aqui já se ouvia falar português e algumas destas caras que estávamos a ver pela primeira vez iriam tornar-se familiares dentro de poucos dias! O voo partiu ligeiramente atrasado mas a viagem fez-se bem…mais 3h30 sentados mas sempre a sobrevoar inúmeras ilhas e a ver areais prometedores!
Quando nos aproximámos do lado norte de Timor fomo-nos apercebendo da geografia da ilha. Avistámos Ataúro e foi assim que soubemos que já estávamos a sobrevoar Timor-Leste! Aparece pela primeira vez o Cristo Rei! E a paisagem é avassaladora! Díli parece ser uma cidade pequena, dispersa, nenhum edifício tem mais de dois andares e fica mesmo entre a montanha e o mar.
O avião começou a voar muito baixinho e quase rasou nas casas. Mas onde é que está a pista? Não vimos o aeroporto! Antes de terminarmos a frase já aterrámos! Olhamos pela janela do avião e sentimos que estamos numa cena do África Minha ou do Fiel Jardineiro! O aeroporto, para além das oficinas e hangares (ocupados sobretudo com helicópteros da ONU), só tem um edifício…dum lado a porta vip (!), um corredor para as partidas e outro para as chegadas.
Saímos e quando olham para o nosso passaporte português informam-nos de que não precisamos de visto (qualquer português que venha a Timor pode aqui ficar 3 meses sem visto). No posto fronteiriço a funcionária arranha um português bastante razoável e é muito simpática! Passámos à sala das chegadas para recolher a bagagem…nem sabemos bem como descrever o que vimos: uma sala com um único tapete de dimensões ridiculamente pequenas que pára de meio em meio minuto e um quiosquezinho a que chamam Duty Free! Surreal! Pegámos nas nossas malas e seguimos viagem, já acompanhados do João, até ao Hotel Timor.
Aeroporto Internacional Presidente Nicolau Lobato |
Instalações do Aeroporto |
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Uma noite em Singapura
Quando estávamos em Lisboa, pensávamos ingenuamente que a chegada a Singapura às 17h00 e saída no dia seguinte às 9h00 nos iria permitir fazer uma breve visita pela cidade. Claro que não permitiu! Assim que chegámos ao quarto do hotel tornou-se claro que já não íamos a lado nenhum que implicasse uma grande deslocação. O quarto era óptimo e o hotel também. Ficamos por ali um bocado a descansar, tomámos um bom banho e, numa nova tentativa de não nos deixarmos dominar pelo jet lag, fomos procurar sítio onde jantar. À saída do elevador encontrámos um rapaz daqueles que carrega malas que não tinha mais de 15 anos e como o hotel tinha 4 ou 5 escolhas diferentes para jantar perguntámos-lhe qual era a sugestão dele. A resposta foi hilariante! Nem precisou de pensar, disse logo todo entusiasmado: Do you like McDonalds? There’s one right here in the airport! And Burger King too! Nem queríamos acreditar! Ouvimos a sugestão e seguimos a nossa busca. Demos de caras com aquele que é considerado um dos melhores restaurantes de comida cantonesa em Singapura. O aspecto era apelativo e estava cheio de orientais, o que nos pareceu um bom sinal! Arriscámos e entrámos. E esta foi sem dúvida uma aposta ganha! O serviço era impecável (duma eficácia que até chocava). Todos os empregados entendiam e faziam-se entender em inglês. A comida era óptima. Escolhemos um menu de 5 pratos: sopa, frango, camarão, peixe e sobremesa (só esta última é que nos desapontou…um caldo quente de leite de amêndoa doce não é propriamente o nosso conceito de sobremesa numa noite de calor!).
A viagem:
Estava agendado: dia 16 pelas 15h45 começava a nossa aventura. A partida de Lisboa deu-se à hora marcada. A KLM levar-nos-ia até Amesterdão num voo confortável de cerca de 2h30. Tivemos direito a lanchinho e tudo… muito gourmet, biológico e saudável. Os nossos companheiros de viagem eram, no mínimo, sui generis: um grupo de tias que, talvez inspiradas pelo último filme da Julia Roberts, iam fazer uma viagem espiritual pela Tailândia, Camboja e Vietname e uma dupla de “Inov’s” que iam para Singapura, um deles (perfeitamente insuportável) tentava convencer o outro da sofisticação do negócio da produção e venda de azevinho! Enfim, deu para desanuviar e ainda nos rimos com as conversas de ambos os grupos! A primeira etapa da viagem estava feita e afinal não parecia ser assim tão difícil…mal sabíamos nós o que nos esperava ainda…
Quando chegámos a Amesterdão vimos no painel que a porta de embarque para o voo de Singapura já estava aberta. Em passo de corrida fomos até ao terminal e porta indicados, desesperando com os sinais que indicavam 15 minutos de caminhada a pé para lá chegar (se um de nós estivesse coxo, não chegámos lá a tempo, de certeza!). Entrámos no avião e a primeira desilusão da viagem foi quando descobrimos os nossos lugares: os 2 do meio na fila do meio, ou seja ia um rapaz holandês, nós os 2 e uma singapurense tuberculosa, que esteve sempre enrolada numa manta e só pedia chá quente (teoria do Bruno: era um aviãozinho que transportava droga da Holanda para Singapura! Teoria da Joana: tinha gripe das aves e ia infectar-nos a todos!). Esta localização limitou em muito os nossos movimentos, uma vez que não queríamos estar sempre a chatear o holandês e evitávamos ao máximo o contacto com a singapurense, que a certa altura pareceu entrar em coma profundo e nem se mexia. O piloto anunciou o tempo de voo: SÓ 11h30 (segundo ele estávamos com o sorte, o vento seguia a nosso favor!!)! Para nos entreter a KLM disponibilizava uma série de filmes que podíamos ver nos ecrãs individuais localizados nas costas do banco à nossa frente!! Segunda desilusão: por motivos técnicos que não chegaram a ser resolvidos a fila de lugares “E” não tinha acesso ao visionamento de filmes… ora era aí precisamente que o Bruno ia sentado! Eu, por solidariedade, decidi não ver nenhum filme também e achámos que a nossa estratégia de dormir durante a primeira parte da viagem iria resultar! No entanto, a KLM decidiu trocar-nos as voltas: durante o primeiro terço da rota as hospedeiras empanturraram-nos de comida! Foi o jantar e o café, agora mais um chazinho e o biscoitinho, depois vem o sumo de laranja e mais café…enfim, dormir era missão impossível! Contra tudo o que nos parecia lógico só a meio da rota é que apagaram as luzes e puseram toda a gente a dormir. Inevitavelmente caímos no sono também! Acordámos dezenas de vezes e o painel com a progressão da viagem era assustador…ainda faltavam 5 h, 4h30, 4h…passado aquilo que nos parecia uma eternidade ainda faltavam 3h, 2h…faltava 1h e nós já apertávamos o cinto e procurávamos pastilhas na mala! As dores nos pés, nas pernas, nas costas e no pescoço causavam cada vez mais desconforto e o ar condicionado quase gelado começava a fazer mossa.
Finalmente, chegámos a Singapura! Eram 17h00 e vinha toda a gente a dormir…assim não há como evitar o jet lag!! Para nos receber, 28ºC e uma chuvada tropical… um bafo que não se aguentava! Fomos levantar as malas e seguimos mais mortos do que vivos ao hotel, que providencialmente ficava no aeroporto!
Ao avô Zé:
É assim… quando menos se espera levamos um murro no estômago! E este foi daqueles que dificilmente iremos esquecer. Sabíamos que a despedida ia ser difícil mas nunca imaginámos que pudesse ser assim. Antes de tomarmos a decisão de partir pensámos muitas vezes em como seria se alguém nos deixasse enquanto estamos longe…a resposta nunca ficou clara. Na verdade não quisemos pensar muito nisso, ou melhor não quisemos acreditar que isso fosse mesmo acontecer. Mas aconteceu e foi duro! Muito duro! Por isso desculpem-nos os demais (principalmente os nossos queridos pais e aqueles amigos especiais que se foram despedir de nós ao aeroporto num momento tão amargo: Sara, Gonçalo, Nuno, Carlos, Miguel, Tana, Ginha, Bela, Rita e Guiga) mas dedicamos este blogue ao avô Zé, que nos deixou (que deixou o Bruno) na pior altura possível mas que partilhou connosco um exemplo de dignidade, independência e amizade que não iremos esquecer!
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