terça-feira, 5 de junho de 2012

Questões de protocolo: essenciais ou não?

Ainda a propósito da visita do PR Cavaco Silva, aqui vai um pequeno episódio que só demonstra a nossa ignorância em matérias de protocolo.

No convite que nos foi dirigido para a recepção na Escola Portuguesa, a indicação do tipo de traje a usar deu origem por um lado a alguma estranheza e por outro a inúmeras risadas. Ora vejam:

Em primeiro lugar, o fato escuro para homens. Fato escuro? Em Díli? Numa recepção ao final da tarde? No pátio duma escola a abarrotar de gente? Estão a falar a sério mesmo?! Se calhar o protocolo manda que assim seja, não duvidamos, mas não devia o protocolo adequar-se à realidade do país em causa? À temperatura de 30ºC e à humidade de quase 100%? É que aqui quase ninguém veste fato (salvo uma ou outra estóica excepção, curiosamente de nacionalidade portuguesa!), seja em que ocasião for. Muitos homens nem sequer têm cá um fato guardado para estas raras, mas pelos vistos solenes, ocasiões. Acontece que mesmo quando outras embaixadas ou individualidades dão recepções o traje é quase sempre informal ou semi-formal (camisa e blazer sem gravata). Perguntamo-nos se será “portuguesisse saloia” esta coisa de tentar dar solenidade ao acto através do vestuário, ou se o protocolo é mesmo assim e não há flexibilidade para o mudar?

Depois, para as senhoras, “vestido curto”. Temos de confessar que esta descrição deu azo a muitas gargalhadas! Toda a gente percebe que vestido curto vem por oposição ao vestido comprido, mas não era mais elegante quando se dizia “vestido de cocktail”?! É que num país onde o mulherio anda frequentemente de vestido curto não estranhámos nada quando vimos algumas senhoras em plena recepção de vestido de praia. De facto, cumpriam o requisito: lá curto o vestido era! E se o objectivo era fazer desfilar o pernão latino que habita em Díli, objectivo cumprido! Admitimos que seja esta a expressão protocolarmente correcta, mas estava mesmo a ver-se que ia haver alguém a levar o traje à letra!

Claro que houve muitos “fura-traje”, principalmente homens sem fato escuro e mulheres de calças. Mas tendo sido cumpridos os objectivos de ouvir as palavras dos Presidentes português e timorense e de convívio entre os membros da comunidade portuguesa, será que alguém realmente se importou com o que as pessoas levavam vestido? O que nos traz de volta ao início deste post e à questão de se há mesmo necessidade de impor estas regras do protocolo europeu tão longe?!
Convite

Pormenor do convite

5 comentários:

  1. Eu novamente aqui :) Sou de uma região fria do Brasil, São Paulo mas moro atualmente em Fortaleza, onde o sol brilha o ano inteiro e não tenho meu adorado inverno. E fico surpresa ao ver que as pessoas aqui se vestem de maneira inadequada para o clima. Há que se adequar não é? Abraços para vocês e felicidades.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Rose! "Adaptação" é isso mesmo. Não faz sentido forçar um modo de vestir num país que cultural e climatericamente não se adequa a esse modo. Obrigado por continuar connosco! Vamos responder ao seu email neste fim-de-semana =) Abraços

      Eliminar
  2. Ridiculo!!! ahahah Já agora não há um fotografia vossa para ver se cumpriram o protocolo? Aposto que não!! :p

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Claro que cumprimos! O protocolo até pode ser ridículo mas se é indicado um e se queremos participar no evento, acho que temos de nos conformar, não é? Não nos estás a ver a ser os rebeldes da recepção, pois não? Lol. Por isso, lá tirámos do roupeiro o fato do Bruno da PG e o meu vestido bege Bimba & Lola (que já deviam cheirar a naftalina) e parecia que estávamos prontos para um casório! Foi surreal andar nas ruas de Díli assim vestida, mas até teve graça! Infelizmente, não há foto do momento =( Bjs

      Eliminar
    2. Lindo!!!! Imagino...realmente deve ter sido estranho!! Mas acho muito bem que tenham cumprido..estavam todos chiques!!! Ahh que pena não haver foto. ;) Beijinhos

      Eliminar