Ao contrário daquilo que à partida poderiamos pensar, Timor-Leste não é feito
só de praias paradisíacas e temperaturas tórridas. Esta meia-ilha prima pela
diversidade de paisagens, de culturas, de dialectos, de climas e até de gentes.
Decidimos então que estava na altura de partir à descoberta das suas montanhas
e rumámos em direcção a sul para as entranhas da cordilheira central.
Já por aqui tínhamos andado quando participámos neste Raid, mas nessa altura
a rota levou-nos de Maubisse até Same, contornando os picos mais altos da ilha.
Desta vez, não os quisemos contornar. Decidimos conquistá-los com a vista e de
máquina fotográfica em riste. A missão era subir até ao cume do Monte Ramelau, a
montanha mágica dos antepassados timorenses, a quase 3.000 metros de altitude!
Com este objectivo, saímos de Díli por volta da hora do almoço, passámos
por Aileu e pouco depois de Maubisse virámos à direita naquele que é conhecido
como o “cruzamento da seta”. Começámos aqui o percurso de 18km que nos levaria
até Hato Builico, a última aldeia antes do cume do Monte Ramelau. A estrada está
quase intransitável (temos dúvidas que alguns troços sobrevivam à próxima época
das chuvas), pelo que aconselhamos a que levem um bom 4x4. A paisagem é imponente,
fresca e verdejante, beneficiando das chuvas de altitude que por ali ocorrem
todo o ano. Vêem-se muitas hortas, sobretudo de repolho, as kudas (pequeno
cavalo timorense) pastam aqui e ali, as núvens e o vento surgem tão depressa
como desaparecem logo de seguida.
Hato Builico é uma pequena aldeia rodeada de montanhas, onde duas pequenas
(e muito modestas) pensões recebem os montanhistas que se aventuram na subida ao
topo do Ramelau. A antiga casa do administrador local irá no futuro servir de
pousada, mas por enquanto só por fora pode ser visitada.
Quando chegámos, ao final da tarde, a temperatura ainda estava amena, mas
com o pôr-do-sol o frio depressa se fez sentir e o vento levantou-se. Na rua, os
timorenses embrulhavam-se em cobertores, os casacos eram grossos e quentes. Definitivamente,
este não é o Timor a que estamos habituados em Díli! Timor continua a surpreender-nos sempre com algo novo!
Na pensão, contratámos o guia que nos levaria ao topo da montanha, acordámos
os pormenores da caminhada e jantámos um bom repolho, com arroz, batatas
fritas, omelete e café de Ermera (carne e peixe "la iha", que é como quem diz "não há"). Enrolados em milhentos cobertores, tentámos
dormir algumas horas e acumular energia para a empreitada a que nos propusemos
e que prometia ser mais difícil do que estavamos à espera!
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Que giro!!!!!! Ansiosa pelos próximos relatos dessa grande aventura!!! Beijinhossss
ResponderEliminarNão parece nada a ideia pré-feita que temos de Timor, pois não? Mas foi muito giro e até gostei de sentir um bocadinho de frio (gostei para aí durante 5 minutos, depois já estava farta e queria era calorzinho do bom!). Beijinhos
ResponderEliminarGostei muito do vosso post bem como as fotos.
ResponderEliminarEsse frio natural da montanha também eu o senti em Laclúbar aquando da minha permanência de quase 3 anos por essas paragens de Timor entre 1964 e 1967 ao serviço do Exército de Portugal na Companhia de Caçadores 2, da circunscrição de Manatuto, tendo sempre o Monte Maubére como guardião.
Obrigado pelo comentário. Laclúbar ainda não visitámos mas já ouvimos dizer que é uma zona lindíssima. Temos de lá ir (preparados com casacos, obrigado pelo aviso!) e fazer um post com as fotografias.
EliminarEnquanto lia o vosso relato e após ver as fotos, senti-me como se aí estivesse. Veio-me à lembrança os anos (3) que estive em Timor-Leste. Que belas recordações e convosco espero matar saudades e rever alguns locais.Parabéns pelo vosso trabalho e fico à espera de novos relatos. Abraço.
ResponderEliminarObrigado pelo simpático comentário, Victor. Um dos objectivos deste blogue é exactamente aquele refere: dar oportunidade a todos aqueles que já cá estiveram de revisitar memórias e matar saudades de locais sobre os quais ainda há tão pouca informação disponível. Continuaremos a publicar fotografias e textos na expectativa de que vos agrade! Abraço.
EliminarContinuação da Boa Estadia e da Boa Disposição!
ResponderEliminarTambém passei por Hato-Builico várias vezes em patrulhas e exercícios de Reconhecimento, quando estive aquartelado em Maubisse (dois anos, de 64 a 66) ("aos Séculos" que isso já foi!!!!)...
Frio mas frio. Nesta época dormíamos com mantas e os sentinelas usavam "fardas de Inverno"...
Mas zonas riquíssimas em termos de agricultura... com solos extremamente ricos e duas épocas de chuvas (Monção Asiática e Monção Australiana)... e duas épocas de colheitas...
Também foram Bons Tempos da minha Juventude...
Abraços
César
Obrigado, César! Que frio devem ter passado só com mantas e fardas. Sem dúvida que essas memórias são ricas. Se para nós, que temos acesso a tanta informação, está a ser uma verdadeira aventura, nem imaginamos o que seria na década de 60 a chegada de jovens portugueses a TL!
EliminarAbraços e continue a comentar!
Quem passa por Timor, tem passagem obrigatória pelo Ramelau! Eu tb o fiz e acampei em Hato! Apesar de estar por Maubisse, onde o clima era mto mais ameno que em Dili, a noite q antecedeu a subida ao Ramelau foi de facto muito fresca... E a melhor recordação que tenho foi o céu estrelado! Parecia que as estrelas estavam mesmo ali, que as podiamos agarrar com a mão!! Que inveja vos tenho...Da boa!! Continuem a fazer estes relatos!!
ResponderEliminarObrigado pelo comentário, Mena!
EliminarSem dúvida que aquele céu estrelado é das melhores recordações que trouxemos de Hato Builico, simplesmente indescritível!
Abraços e continue a comentar!
foho Ramelau, hau hadomi o......
ResponderEliminarfoho Ramelau, Hau hadomi O.
ResponderEliminarAmi mos gosta foho Ramelau! =)
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