segunda-feira, 22 de julho de 2013

Ilha de Ataúro: viagem e estadia


A ilha de Ataúro, que integra o território de Timor-Leste, situa-se a norte de Díli. Já aqui mostrámos diversas vezes a sua imagem vista ao longe mas desta vez decidimos visitá-la.

Sábado, às 8h30 da manhã, estávamos a zarpar do porto de Díli. A viagem foi feita a bordo do ferry Berlin Nakroma e demorou cerca de 3 horas. O barco estava lotado de muitos locais,  que aproveitam para ir fazer negócio ou visitar familiares, e estrangeiros desejosos de desfrutar das águas límpidas perfeitas para fazer mergulho e snorkeling.

Chegados a Ataúro seguimos a pé para este, ao longo da praia, até ao ecoturismo conhecido como Barry’s Place (gerido pelo australiano Barry e a sua mulher timorense de Ataúro). A caminhada demora cinco minutos, atravessando o mercado local onde se vendem diversas iguarias, incluindo peixe e polvo seco.

Berlin Nakroma

Transbordo para o transporte local

Depois do ferry, a viagem até casa continua, mas há tempo para brincar com o fotográfo!

Outro barco que veio buscar passageiros para os levar até casa

Momentos de mimo maternal
 
O Barry’s Place é constituído por diversas palhotas e abrigos para tendas junto à praia de areia fina. As redes convidam ao descanso. Pequenos barcos levam-nos aos spots perfeitos para o snorkeling, num banco de coral localizado mesmo em frente à praia. A qualidade e diversidade de corais, algas, estrelas do mar e peixes é impressionante. Nas nossas aventuras subaquáticas tivemos até a oportunidade de ver uma cobra-de-água preta e branca, que embora inofensiva é uma nadadora extremamente ágil e tem um aspecto assustador! Dá para acreditar?!

O banho é de caneco (a seguir ao banho no mar sabe pela vida) e a casa-de-banho comum. A palhota tinha camas e ventoinha. A estadia inclui ainda refeições variadas, com peixe acabado de pescar, material de snorkeling para quem não tiver o seu próprio, guitarras para quem quiser utilizar, uma pequena biblioteca, jogos de tabuleiro e um frigorífico de bebidas sempre à disposição, bastando ir apontando aquilo que se consome para no fim fazer as contas!

Concluindo, aqui é-nos dada a oportunidade de passar um fim-de-semana totalmente relaxado, em contacto com a natureza e a desfrutar do melhor que ela tem para nos oferecer.
O nosso muito típico alojamento no Barry's Place! Go local!

O descanso do guerreiro

Cama de rede à sombra na praia... de que mais precisamos para descansar? Nada! =)

Linda estátua de Ataúro em pau-rosa. Ataúro é terra de escultores!

Joana entre mergulhos

Palhota das refeições no Barry's Place


Mais esculturas de Ataúro: os tradicionais casais presos por um fio que se penduram dentro de casa e os curiosos óculos de mergulho de madeira e vidro

Belíssimo par


Estátuas dos guardiães olham para o mar de Banda e para a ilha de Timor

Vista da praia para um abrigo no Barry's Place, no qual pode ser montada uma tenda

A praia


As frangipanis que perfumaram a nossa estadia e que surgem um pouco por toda a ilha

Flor de frangipani: um dos nossos aromas preferidos em incensos e óleos essenciais

domingo, 7 de julho de 2013

Dubai - 3 dias no emirado mais louco: os mercados e o estuário


No último dia no Dubai, decidimos explorar os mercados – souks – que se escondem nas duas margens do estuário. Começámos em Deira pelo mercado das especiarias, com os seus aromas e produtos exóticos, e fomos seguindo os corredores cobertos até chegarmos ao extravagante mercado do ouro. Pelo caminho, fomos abordados por dezenas de vendedores de produtos contrafeitos – malas, relógios, óculos, roupa, perfumes – tudo “original copy”! Como explicar a estes senhores que se é “copy” não é “original”!? =)

Mas foi aqui, numa pequena loja de tecidos, que tivemos a conversa mais interessante de toda a viagem. O vendedor era um afegão, com vinte e muitos anos, loiro de olhos verdes, residente no Paquistão mas actualmente a trabalhar no Dubai. O rapaz queria que a Joana comprasse todos os lenços da loja e quando percebeu que, com sorte, vendia-lhe um mas muito bem regateado, virou-se para o Bruno e disse-lhe para também comprar lenços para as outras mulheres da sua vida! Apesar da reacção inicial da Joana perante o total descaramento do vendedor, gerou-se uma conversa muito aberta e esclarecedora sobre a “normalidade” com que ele via o facto de um homem ter mais do que uma mulher. A teoria rezava assim: imaginemos o cenário em que um homem adulto se casa e traz a mulher para a casa da sua família, onde os dois irão viver com os pais do marido e com os restantes irmãos, cunhadas, sobrinhos, primos, tios, etc. e todos os homens adultos que vivem nesta casa têm mais do que uma mulher. Passados uns anos, esse mesmo homem adulto, satisfeito com a sua vida, mas com condições económicas para sustentar mais uma mulher, decide casar uma segunda vez e assim redobrar a sua felicidade e aumentar a prol de descendentes. O impacto que essa nova mulher tem nesta casa em nada se compara com aquele que imaginamos na nossa realidade, em que um casal, quando decide construir uma vida em comum, tipicamente vai viver sozinho para a sua própria casa. É a diferença entre trazer mais uma mulher para uma casa onde só vivem duas pessoas, ou para uma casa onde vivem trinta). Quando lhe perguntámos se não era difícil manter as duas mulheres felizes e darem-se bem uma com a outra, revelou-nos que o segredo para manter a família em equilíbrio é nunca dar mais a uma mulher do que a outra. Isto aplica-se a tudo: bens materiais, atenção, carinho, tempo. Quando uma das mulheres começa a sentir-se preterida é que as tensões começam a surgir, mas se ambas receberem o mesmo tratamento, tudo está bem. Interessante, não?

Mercado das Especiarias

Corredor coberto

Mercado do Ouro

Mercado do Ouro

Bruno à saída do Mercado do Ouro

Loja de frutos secos

Loja de doces árabes

Depois da conversa e das compras, atravessámos o estuário de “abra”, os pequenos barcos-táxi que num minuto nos põem na outra margem, almoçámos e visitámos os restantes souks.

Joana preparada para a travessia de "abra"

Um casal emirati com as vestes tradicionais, que acedeu pousar para a fotografia

"Abras" - os táxis do estatuário

Minarete

Restaurante sobre o estuário. O nosso balanço: localização maravilhosa, serviço médio, comida má

Mercado dos tecidos

Chinelinhos de Aladino

Candeeiros, vasos e bules de café

A vida ao redor do estuário é vibrante e mais genuína. Foi aliás aqui que tivemos a oportunidade de ver que nem tudo é glamoroso no Dubai e que, enquanto alguns levam uma vida de fantasia nos luxuoso hotéis e centros comerciais, muitos trabalham e vivem em condições árduas para manter a economia a vibrar. É o caso dos trabalhadores das docas que reparam os velhos barcos de madeira que ainda fazem as rotas do comércio regional e dos seus tripulantes, que ali vivem até uma próxima viagem.

Trabalhadores a reparar "abras"

Barcos ainda hoje utilizados na pesca e comércio

Vida a bordo dum barco