quinta-feira, 31 de março de 2011

Bali – dia 1: a espera

De bilhetes na mão e mochilas às costas, lá seguimos a nossa viagem rumo a Bali, na esperança de resolver o problema do Bruno e quiçá poder aproveitar ainda para descansar e conhecer um pouco da ilha!
Domingo ao almoço apanhámos o voo da Merpati num avião NÃO-homologado pelas normas internacionais de aviação civil, que numa hora e meia nos levou até ao nosso destino. Apesar das nossas reticências quanto à segurança do avião, o voo fez-se com normalidade (embora o Bruno estivesse a contorcer-se de dores grande parte do tempo).
Chegados a Bali, percebemos logo que estávamos num sítio turístico: um aeroporto com 2 terminais, free shop com marcas internacionais e muito artesanato local, dezenas de casas de câmbios, grupos organizados de turistas (sobretudo asiáticos), panfletos de excursões, transfers para os hóteis, uma rede de táxis em bom estado… tudo isto são coisas que quem vem de férias a Timor-Leste não deve contar encontrar (encontrará outras certamente mais exóticas e de beleza ímpar, mais apropriadas a espíritos aventureiros e que procuram uma experiência num local inexplorado!).
Entrámos num táxi e seguimos por uma estrada sem um único buraco, interrompida apenas por rotundas decoradas com bonitas estátuas de deuses e lendas hindus! Bali, embora politicamente integre a Indonésia, é uma ilha muito distinta das restantes. Por exemplo, aqui a percentagem de muçulmanos é muito baixa, a maioria da população é hindu, com diversas especificidades e variantes que se desenvolveram ao longo dos séculos e que só se podem encontrar em Bali. A presença de milhares de turistas há várias décadas também contribuiu para o desenvolvimento de um espírito mais tolerante, pelo que as mulheres ocidentais podem andar descontraidamente na rua em roupa de praia que ninguém repara nisso.
O nosso hotel (encontrado numa óptima promoção do site AGODA – obrigada Inês pela dica!) ficava em Seminyak e era bastante confortável. Fora do centro da confusão e do barulho, ficava suficientemente perto para lá ir a pé se assim quiséssemos. Essa tarde foi passada precisamente no hotel a descansar e na expectativa do que a ida ao dentista no dia seguinte nos iria reservar!
O avião...que medo!

O quarto

O quarto

O wc

O jardim e a piscina

A vizinhança

quarta-feira, 30 de março de 2011

O filme surreal que é activar o seguro de saúde internacional!

Toda a gente sabe que o fim do negócio das seguradoras é, como em qualquer outro negócio, o de gerar lucro. E sobre isto nós não tínhamos qualquer dúvida! A questão é que nos seguros de saúde (que as seguradoras já só celebram com pessoas saudáveis na expectativa de que paguem por muitos anos e nunca precisem de recorrer a tais serviços), há (ou tem de haver) uma certa moralidade que limita a visão negocial desta relação entre seguradora e segurado! Neste aspecto, sim, estávamos iludidos!
Depois do episódio descrito no post anterior e já com o relatório do dentista na mão, em que era feito o diagnóstico, se confirmava a necessidade de tratamento urgente e se atestava a impossibilidade de o realizar localmente, o Bruno entrou em contacto com a seguradora a quem contratámos um seguro de saúde internacional, por assim acreditarmos que estávamos mais protegidos perante qualquer eventualidade.
Recolheram os dados pessoais e da apólice e pediram para enviar o relatório do dentista. Enviámos. A seguir, pediram-nos um relatório do dentista de Portugal a dizer qual a data da última consulta e qual a situação clínica nessa altura. Explicámos que estávamos em Díli, a 9 horas de diferença de Lisboa, e que não sabíamos qual a disponibilidade do dentista para fazer isto com a brevidade que esta situação exigia. Não quiseram saber. Precisavam desse relatório para averiguar se esta dor de dentes se devia a uma condição pré-existente à data da assinatura da apólice. Ok. Contactámos o dentista que, percebendo a gravidade da situação, nos enviou à primeira hora do dia uma declaração a confirmar que a última consulta fora no dia 20 de Dezembro de 2010 e que nessa altura a condição era saudável (enviou até uma radiografia a confirmar o que era dito no relatório). Enviámos o relatório e a radiografia e não obtivemos qualquer resposta. Desesperados, voltámos a ligar e disseram que afinal também era preciso um historial clínico feito pela médica de família!!!
Aqui o caldo já estava entornado: alguém é capaz de explicar para que raio precisa a seguradora dum historial clínico quando já tem um historial dentário e o caso era precisamente relativo à desvitalização dum dente?! E porque não pediram logo no primeiro contacto? Será que ainda não perceberam que estamos em Díli?? (Talvez não tenham percebido mesmo, uma vez que quando dissemos que estávamos em Díli, Timor-Leste o operador nos perguntou se Timor-Leste era um país!) Enfim, não percebemos e ninguém na seguradora nos soube explicar também. A única resposta, repetida até à exaustão, foi “Não podemos fazer nada sem o historial. É o procedimento.”!
Enfim, lá arranjámos e enviámos o tal historial. A indicação da seguradora foi que, depois de recebido este documento, davam a resposta dentro de 1 hora. Passaram mais de 14 horas e não disseram nada! Ligávamos para lá e não atendiam! Ou pior, atendiam e depois ligavam o gravador e deixavam-nos pendurados (reparem que todas as chamadas, mesmo para a linha de emergência, são pagas!)! Completamente indignados com este comportamento, enviámos um último e-mail a informar que iriamos reportar a situação ao ISP. E foi então que decidimos viajar até Bali no dia seguinte e pelos nossos próprios meios encontrar um dentista credível que resolvesse esta situação.
E eis senão quando, passadas nada mais nada menos do que 24 horas desde o envio do historial clínico, recebemos um telefonema da seguradora a dizer que o tratamento do Bruno tinha sido aprovado e que de facto era muito urgente e portanto iriam marcar-lhe uma viagem para Portugal para esse efeito. Para Portugal??? Parecia brincadeira e não estávamos mesmo a acreditar nesta resposta! Então a situação é urgente, o tratamento tem de ser imediato, o Bruno está com dores tais que quase desmaiou por duas vezes e estes senhores sugerem que ele se meta no voo a alta altitude que dura 2 dias, com no mínimo 2 escalas, para ir tratar o dente? Sendo que existem soluções seguras disponíveis, mais rápidas e mais baratas nos 3 destinos com voo directo a partir de Díli?! A única explicação plausível que encontramos para tal proposta é que a seguradora sabe que, ao propor uma solução tão ridícula, quase ninguém a vai aceitar e assim, mais uma vez, não entram em despesas e cumprem o seu fim, o lucro! Imoral é o único adjectivo apropriado para descrever os serviços destes senhores!
Mas desenrascados como somos e sempre optimistas (como a Joana é), aprontámo-nos a marcar todos os pormenores para a viagem a Bali (uma vez que para Darwin é preciso obter visto com antecedência e Singapura é mais longe e mais caro). Arranjámos um directório dos dentistas locais, consultámos os respectivos websites e ouvimos opiniões de algumas pessoas que já lá tinham ido fazer tratamentos e, cheios de fé (a Joana) e de dores (o Bruno), lá fomos no Domingo rumo a um novo destino médico e, coincidentemente, de aniversário e descanso!

O outro lado de Timor-Leste: a falta de assistência médica

Temos vindo a dar-nos conta de que o quadro que aqui pintamos de Timor-Leste está bastante “cor-de-rosa”. De facto, tudo o que aqui escrevemos é verdade e as fotografias foram mesmo tiradas por nós nas nossas aventuras locais, mas a vida não é tão idílica como possam imaginar! E os problemas vão surgindo inesperadamente… A semana passada reservou-nos uma desagradável surpresa: o Bruno esteve doente. Nada de grave, uma dor de dentes terrível que teimava em piorar a cada dia que passava. A este pretexto seguem algumas considerações “menos românticas” da vida na ilha.
Os cuidados de saúde prestados em Timor-Leste são ainda muito precários, muito longe daqueles a que estamos habituados, mesmo no pior hospital público que conheçam em Portugal. Não é tanto pela falta de mão-de-obra que os serviços clínicos não funcionam mas sobretudo pela falta de equipamento e de medicamentos. Encontram-se aqui a trabalhar umas centenas de médicos cubanos muito competentes e disponíveis (coitados, não têm outro remédio, uma vez que assim que chegam ao aeroporto são obrigados a entregar os passaportes à Embaixada de Cuba e só voltam a sair do país quando a Embaixada os devolve!!!) e existem alguns hospitais e centros de saúde bastante apresentáveis… Mas depois se no Hospital Guido Valadares (o maior de Díli) for preciso tirar uma radiografia para confirmar se alguém tem ou não tuberculose, a máquina está avariada e não sabem quando é que o técnico indonésio a pode vir reparar!!! Isto é apenas um exemplo da realidade que aqui se vive todos os dias há vários anos! E se é assim em Díli, podem imaginar como será nos restantes distritos, onde o isolamento e a falta de assistência leva grande parte da população a recorrer a curandeiros e a mezinhas tradicionais! E não surpreende que este seja um dos países com maior taxa de mortalidade no parto (tanto das mães como dos bebés)!
Ora, se nem os cuidados básicos de saúde estão disponíveis, muito menos estão os cuidados, digamos, suplementares, como o dentista! Confrontado com uma dor de dentes terrível, o Bruno consultou os dois dentistas que existem em Díli! O primeiro era duns chineses que não falavam uma palavra doutra língua que não fosse mandarim. A consulta era feita na recepção duma farmácia e as condições dispensam mais comentários! Ali não estava reunido o mínimo indispensável para fazer o que quer que fosse, muito menos tratamentos dentários! A segunda opção, tendo em conta o contexto, foi uma agradável surpresa: um dentista chino-australiano, licenciado na Austrália, fluente em inglês, com um pequeno gabinete nas traseiras também duma farmácia (pelos vistos é uma combinação comum!) mas que estava bastante limpo, apresentável e que inspirou alguma confiança (sobretudo pela presença dum esterilizador e do uso de luvas e máscaras descartáveis). Dispunha de aparelho para fazer radiografias e viu logo ali que o Bruno precisava de desvitalizar com urgência um dente que tinha o nervo inflamado. Infelizmente, ele não tem meios em Díli para fazer esse tipo de tratamento! A solução seria ir a Bali, Darwin ou Singapura! Em Díli não se desvitalizam dentes, arrancam-se! E fazem-se diagnósticos para tratamentos noutros países… E foi assim que uma dor de dentes se tornou também numa dor de cabeça!
Decidimos então contactar o seguro de saúde e aí começou outro filme que fica para outro post porque este já vai longo…

sábado, 19 de março de 2011

A passear por Malinamoc

O acordar numa manhã de sol. Em frente fica o bungalow do pequeno-almoço.

O sol das 8h00! O ginásio e a piscina ao fundo.

Atrás de nós, as montanhas. Timor é assim: praia e montanha!


Os mamões que quando amadurecem vão parar ao pequeno-almoço.

O mesmo acontece aos figos.

Esta sequência é especialmente para as nossas mamãs que adoram flores! =)




As favoritas da Joana: Frangipani ou, como os timorenses lhes chamam, Flores de St. António!

Bienvenus chez nous =)

Sejam muito bem-vindos a Malinamoc Paradise! Esta será a nossa casa durante os próximos tempos e é aqui que receberemos quem nos brindar com uma visita =)
A fachada da Casa 12 - a nossa!


A entrar em casa
A "sala de jantar", com arte nas paredes que tem de mudar rapidamente!

Vista da cozinha

A "sala de estar", onde a arte de loja dos 300 continua!

Estas almofadas roxas são artesanato de Maubara. O cachecol do SLB é a ideia do Bruno de decoração =)

Estes sofás são o pior da casa. Só os aguentamos cheios de almofadas.
Sara, viste o pormenor do porta-chaves? B&L 4ever!

O quarto

O "tocador" cheio de mimos

quarta-feira, 16 de março de 2011

[We] now walk into the wild!

Para todos os que procuram inspiração para mudar de rumo, aqui fica um excerto do livro que andamos a ler...altamente recomendado! Sejam felizes!
"So many people live within unhappy circumstances and yet will not take the initiative to change their situation because they are conditioned to a life of security, conformity, and conservatism, all of which may appear to give one peace of mind, but in reality nothing is more dangerous to the adventurous spirit within a man than a secure future. The very basic core of a man's living spirit is his passion for adventure. The joy of life comes from our encounters with new experiences, and hence there is no greater joy than to have an endlessly changing horizon, for each day to have a new and different sun."
Chris McCandless aka Alex Supertramp

quarta-feira, 9 de março de 2011

Depois de um dia duro de trabalho...

Nada melhor do que um salto à piscina antes do jantar =)

Sharkfish prestes a atacar =)

Relax...

Pronto para jantar depois de esticar os músculos e descomprimir a mente!

terça-feira, 8 de março de 2011

Pequeno-almoço em Dare

Quando, nas manhãs preguiçosas de sábado, nos apetece um pequeno-almoço tardio rumamos para Dare! O miradouro na encosta norte da montanha que rodeia Díli é também um café e memorial à invasão de Timor-Leste pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Um local lindo, com uma vista fantástica!
Desta vez o menú foi: sumo de laranja natural, tosta de queijo e tomate, café e, para a descida, um pastel de nata!! =)
Ao fundo, Ataúro

No sopé da montanha e já encostada ao mar fica Díli

O café/ memorial
Final do pequeno-almoço
O pior foi mesmo o regresso a casa… a ponte de Comoro estava cortada porque ia passar a procissão do Dom Bosco, que por aqui andou nestes dias (acreditem ou não, cortaram durante a tarde toda o único acesso rodoviário que liga o aeroporto à capital!). Assim sendo a solução foi: atravessar a ribeira!!! Mais uma aventura que ficará registada na nossa memória =)
No meio da ribeira entre água e areia...
Os areeiros vistos ao perto

A festa do derby

Este domingo o grande evento na cidade foi o jogo de futebol, que se realizou no Estádio Municipal de Díli, entre a Selecção de Timor-Leste e o Subagrupamento Bravo da GNR! O derby tinha como mote “Jogo de Solidariedade”, uma vez que o objectivo principal foi a angariação de fundos para o financiamento de obras de reabilitação do Orfanato de Santa Clara em Díli. Para esse efeito, foi sorteada uma camisola autografada por Cristiano Ronaldo, podendo cada pessoa participar no sorteio adquirindo um ou mais vouchers no valor simbólico de 1 USD cada! Nós claro que participámos (mas não ganhámos!) e no fim as madres receberam um cheque no valor de 10.000 USD!
A animação percebia-se ao longe e o estádio estava cheio! Portugueses, australianos, timorenses e muitos outros conviviam numa “tarde de bola”. Civis, militares, polícias, políticos, todos se divertiram sem qualquer tipo de pudor! Ainda deu para ver o Ramos Horta (sim, o Presidente da República estava presente!) a pregar partidas ao lado dum grupo de miúdos, atirando esguichos de água a quem passava no túnel!!
Quanto ao jogo, o empate a 1 golo levou a que o troféu fosse disputado nos penalties e aí a equipa do Subagrupamento Bravo não perdoou, tendo ganho por 5-4!
Aqui ficam os nossos parabéns à GNR não só pela vitória, mas principalmente pelo empenho que tem vindo a demonstrar em iniciativas como esta que promovem a solidariedade, o desporto e o convívio, aproximando estrangeiros e locais, civis e militares, e assim quebrando barreiras que vão muito para além dos 90 minutos em campo!

Cartaz do jogo

A animação no estádio
Equipa da GNR a aquecer
Os seguranças "stuarts" cá da terra
As cheerleaders que animaram o início do jogo! Muito giras mesmo!
Eram meninas vestidas com tais (traje típico) a dançar ao som de "Timor! Hau Hadomi O" (Timor, eu amo-te!)
As equipas: GNR veste de azul, selecção timorense de branco
Ao lado da camisola autografada =)
A tentar a nossa sorte!
Ramos Horta sentado na fila atrás da nossa!! E aquele polícia de chapéu é o australiano da Stabilisation Force que conhecemos na Embaixada dos EUA, lembram-se?
GNR a celebrar a vitória!

Oiçam a música aqui! É muita gira =)

terça-feira, 1 de março de 2011

Vida dura! Ou "dolce far niente" =)

Os fins-de-semana aqui têm sabido a férias! Sem stress, trânsito, obrigações familiares para cumprir, centros comerciais para nos desviar a atenção do que se passa à nossa volta, temo-nos perdido entre passeios pela ilha e idas à piscina. O condomínio para onde nos mudámos ontem tem uma zona de jardim das mais agradáveis de Díli e as tardes de piscina são deliciosas. Graças ao convite de uns amigos que já lá moram, este domingo dedicamo-nos, das 12h00 às 19h30, única e simplesmente a apanhar sol e a dar umas braçadas refrescantes! O sol torrava, a água estava quentinha e o bar com caipirinhas e bossa nova a tocar ainda ajudou mais à descontracção! E desta vez os nossos vizinhos húngaros emprestaram-nos uns colchões e umas bolas com os quais fizemos a festa (uma delas então era em forma de embalagem de chocolate da marca Tronky...podem imaginar as piadolas e trocadilhos que andaram aqui à volta)! Era ver o ar de espanto dos miúdos a olhar para um grupo de 8 ou 9 adultos deliciados a rir e a brincar com os colchões aos quais eles já pouco ligam! Realmente, há dias em que a vida é muito dura =)

Objectivo: montar o Tronky! =)