quinta-feira, 19 de maio de 2011

Casas, cabanas e palhotas

Em Díli, a maioria das habitações é constituída por moradias térreas, feitas de tijolo e telhados de zinco (algumas, poucas, mesmo com telha), com várias divisões, alpendre e jardim. São casas que ficaram do tempo da colonização portuguesa. E, embora muitas delas precisem de obras urgentes, reúnem as condições mínimas de habitabilidade.
Também vão surgindo pequenos prédios de dois ou três andares. Infelizmente, a cidade vai crescendo sem qualquer tipo de planeamento e parece que já foi aprovada a construção de um edifício de dez andares para instalar o poderoso Ministério das Finanças e de quatro torres de escritórios bem no centro de Díli! Facto curioso é que os dois únicos elevadores que existem em Timor-Leste estão no edifício do MNE, sendo que um deles já está avariado! Acreditamos (e não estamos sozinhos nisto) que a cidade e os seus habitantes ficariam a ganhar se fosse investido mais tempo e dinheiro na elaboração de um plano de urbanização ponderado a longo prazo, na recuperação dos edifícios que já existem e estão degradados (quer pela idade, como pelo abandono, o clima, os incêndios de 2006...) e na manutenção da arquitectura e tipo de construção típicos da ilha. Tentar fazer de Díli uma réplica de Singapura vai demorar gerações, custar muitos milhões e levar à descaracterização da cidade e à perda dos seus traços mais marcantes!
Fora de Díli no entanto o cenário é completamente diferente. As cidades e capitais de distrito não passam de pequenos povoados e as aldeias mais não são do que aglomerados familiares de quatro ou cinco casas. Muitas vezes encontramos casas completamente isoladas, escondidas atrás da vegetação. Feitas com os materiais que a ilha oferece, muitas destas casas não passam de cabanas de madeira com tecto de colmo. Outras ainda são verdadeiras cabanas feitas de palha entrançada, como se de um cesto gigante se tratassem! São esteticamente bonitas e muito frescas, propiciando abrigo contra pessoas e animais e sombra do sol abrasador! Estão completamente integradas na paisagem mas falta-lhes tudo o que associamos a uma casa habitada (desde luz, água, portas, mobílias). São naturalmente casas de sobrevivência, onde a utilidade se sobrepõe ao conforto!
Para além das casas que servem de habitação, existem ainda os abrigos de animais e de pessoas, que são compostos apenas por quatro estacas com tecto de colmo. Protegem pastores desprevenidos das tempestades tropicais e servem muitas vezes para fazer uma sesta à sombra, entre as longas caminhadas que as populações das áreas rurais são obrigadas a fazer!














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