quarta-feira, 30 de março de 2011

O filme surreal que é activar o seguro de saúde internacional!

Toda a gente sabe que o fim do negócio das seguradoras é, como em qualquer outro negócio, o de gerar lucro. E sobre isto nós não tínhamos qualquer dúvida! A questão é que nos seguros de saúde (que as seguradoras já só celebram com pessoas saudáveis na expectativa de que paguem por muitos anos e nunca precisem de recorrer a tais serviços), há (ou tem de haver) uma certa moralidade que limita a visão negocial desta relação entre seguradora e segurado! Neste aspecto, sim, estávamos iludidos!
Depois do episódio descrito no post anterior e já com o relatório do dentista na mão, em que era feito o diagnóstico, se confirmava a necessidade de tratamento urgente e se atestava a impossibilidade de o realizar localmente, o Bruno entrou em contacto com a seguradora a quem contratámos um seguro de saúde internacional, por assim acreditarmos que estávamos mais protegidos perante qualquer eventualidade.
Recolheram os dados pessoais e da apólice e pediram para enviar o relatório do dentista. Enviámos. A seguir, pediram-nos um relatório do dentista de Portugal a dizer qual a data da última consulta e qual a situação clínica nessa altura. Explicámos que estávamos em Díli, a 9 horas de diferença de Lisboa, e que não sabíamos qual a disponibilidade do dentista para fazer isto com a brevidade que esta situação exigia. Não quiseram saber. Precisavam desse relatório para averiguar se esta dor de dentes se devia a uma condição pré-existente à data da assinatura da apólice. Ok. Contactámos o dentista que, percebendo a gravidade da situação, nos enviou à primeira hora do dia uma declaração a confirmar que a última consulta fora no dia 20 de Dezembro de 2010 e que nessa altura a condição era saudável (enviou até uma radiografia a confirmar o que era dito no relatório). Enviámos o relatório e a radiografia e não obtivemos qualquer resposta. Desesperados, voltámos a ligar e disseram que afinal também era preciso um historial clínico feito pela médica de família!!!
Aqui o caldo já estava entornado: alguém é capaz de explicar para que raio precisa a seguradora dum historial clínico quando já tem um historial dentário e o caso era precisamente relativo à desvitalização dum dente?! E porque não pediram logo no primeiro contacto? Será que ainda não perceberam que estamos em Díli?? (Talvez não tenham percebido mesmo, uma vez que quando dissemos que estávamos em Díli, Timor-Leste o operador nos perguntou se Timor-Leste era um país!) Enfim, não percebemos e ninguém na seguradora nos soube explicar também. A única resposta, repetida até à exaustão, foi “Não podemos fazer nada sem o historial. É o procedimento.”!
Enfim, lá arranjámos e enviámos o tal historial. A indicação da seguradora foi que, depois de recebido este documento, davam a resposta dentro de 1 hora. Passaram mais de 14 horas e não disseram nada! Ligávamos para lá e não atendiam! Ou pior, atendiam e depois ligavam o gravador e deixavam-nos pendurados (reparem que todas as chamadas, mesmo para a linha de emergência, são pagas!)! Completamente indignados com este comportamento, enviámos um último e-mail a informar que iriamos reportar a situação ao ISP. E foi então que decidimos viajar até Bali no dia seguinte e pelos nossos próprios meios encontrar um dentista credível que resolvesse esta situação.
E eis senão quando, passadas nada mais nada menos do que 24 horas desde o envio do historial clínico, recebemos um telefonema da seguradora a dizer que o tratamento do Bruno tinha sido aprovado e que de facto era muito urgente e portanto iriam marcar-lhe uma viagem para Portugal para esse efeito. Para Portugal??? Parecia brincadeira e não estávamos mesmo a acreditar nesta resposta! Então a situação é urgente, o tratamento tem de ser imediato, o Bruno está com dores tais que quase desmaiou por duas vezes e estes senhores sugerem que ele se meta no voo a alta altitude que dura 2 dias, com no mínimo 2 escalas, para ir tratar o dente? Sendo que existem soluções seguras disponíveis, mais rápidas e mais baratas nos 3 destinos com voo directo a partir de Díli?! A única explicação plausível que encontramos para tal proposta é que a seguradora sabe que, ao propor uma solução tão ridícula, quase ninguém a vai aceitar e assim, mais uma vez, não entram em despesas e cumprem o seu fim, o lucro! Imoral é o único adjectivo apropriado para descrever os serviços destes senhores!
Mas desenrascados como somos e sempre optimistas (como a Joana é), aprontámo-nos a marcar todos os pormenores para a viagem a Bali (uma vez que para Darwin é preciso obter visto com antecedência e Singapura é mais longe e mais caro). Arranjámos um directório dos dentistas locais, consultámos os respectivos websites e ouvimos opiniões de algumas pessoas que já lá tinham ido fazer tratamentos e, cheios de fé (a Joana) e de dores (o Bruno), lá fomos no Domingo rumo a um novo destino médico e, coincidentemente, de aniversário e descanso!

3 comentários:

  1. Agora que já sabemos pormenores das dores de dentes do Bruno (ainda que bem que já passaram!) queremos o relato do aniversário da Joana e do descanso em Bali... com muitas fotos!!!!!! Beijinhossssss:)))

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  2. Meeeeeeeedo... é inacreditável, não tanto a situação de Dili, mas sim a resposta da seguradora, chamam a isto solução?? Se decidirem reportar a situação ao ISP, acho que faz todo o sentido!
    Bem, espero é que já estejas "au point" Bruno :)
    Boa continuação da vossa linda aventura e beijinhos!
    Ghislaine

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  3. As seguradoras são muito "inteligentes". Tudo é muito fácil quando querem que nós façamos seguros de saúde mas quando realmente precisamos, o caso muda de figura e nada parece ser como quando assinamos pela seguradora.

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